segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Algumas considerações sobre a construção da nova equipe econômica

O quadro político, mais do que nunca, exige do Brasil a manutenção de um comportamento diferenciado que ajude a consolidar o pólo “anti-austeridade”


Keynes mais vivo do que nunca: na crise,
cabe ao estado tomar as rédeas.
O quadro geral da economia e da política mundial pós-eleições brasileiras parece ter dado pequenos indícios que merecem uma reflexão cuidadosa:

Consolidou-se o quadro de dificuldades fiscais na maioria dos países do G20. O fator positivo nesse caso é que o Brasil até agora tem o segundo melhor desempenho fiscal dessas nações. Comparativamente o Brasil tem condições de fazer ajustes que passam longe de um choque fiscal tão desejado por monetaristas.

Ainda no G20 houve a consolidação do Brasil como modelo de construção de um caminho mais justo em tempos de “ditadura” da austeridade. Ou seja, a crença no mix de políticas sociais abrangentes e de desenvolvimento econômico não estão totalmente abandonadas.

Por outro lado, o México, nação querida e aclamada pelo “mercado” se afunda na barbárie sem ter qualquer tipo de horizonte. O mesmo caminho poderá ser tomado pelas nações que apostaram tudo nas medidas de austeridade na Europa, por exemplo (basta lembrarmos que a Espanha não está em recessão e ostenta 22% de desemprego, enquanto o Japão que não optou pelas medidas de austeridade apesar da recessão tem desemprego de 3,6%).

Alguns dos indicadores brasileiros seguem positivos. Há crescimento no emprego, na massa salarial e no número de pessoas ocupadas (IBGE). E a inflação recua no mês presente (IPCA dos atuais 12 meses é menos do que dos 12 meses anteriores). O rendimento do trabalhador também cresceu em relação ao mesmo período passado.

O que isso tudo pode nos dizer?

Ao contrário do que os “analistas” querem nos vender , a história não “morreu” novamente. Pelo contrário. O Brasil terá sim que fazer alguns esforços, entre eles promover ajustes na política fiscal e traçar uma estratégia que dê conta, por exemplo, do déficit em transações externas.  Não sejamos ingênuos de acreditar que determinadas contas feitas não pesam também sobre o ombro do trabalhador em alguma medida (talvez os monetaristas tenham dito algo decente alguma vez).

E naturalmente, a mudança mais clara e objetiva, é a do rearranjo da política industrial brasileira. Para superar os limites de desenvolvimento é fundamental avançar com uma política republicana e ainda mais agressiva para promover o crescimento e gerar empregos melhores no país.

O quadro contextual não parece nos levar a uma situação de risco que precipite nossas ações. E o quadro político, mais do que nunca, exige do Brasil a manutenção de um comportamento diferenciado que ajude a consolidar o pólo “anti-austeridade” no globo. Aliás, para isso reelegemos Dilma e seguimos confiando nela.

Humildemente acredito que os fatores aqui listados nos permitem apostar que a nova equipe econômica de Dilma pode ser constituída tendo como primeiro critério a confiança da sociedade que espera por tempos ainda melhores. O mercado pode continuar vindo depois.