sábado, 6 de agosto de 2011

O Fred pode ficar. Surfar, passear, beber. E daí?

Frederico Chaves Guedes - herói tricolor. Pelos serviços prestados ao eterno, merece meu respeito.

Caros amigos e amigas, haja estômago para nos debruçarmos sobre o futebol em certos momentos, não é? Quando o Flusão começa a engrenar, a equipe ganhar corpo, vem um incidente desse, e ainda por cima, com o Fred.


Cabe dizer, que eu faço parte de um percentual de fanáticos por futebol, torcedor de arquibancada, que acompanha, segue, sofre, chora e sorri quando necessário. Mas se toda essa irracionalidade toma conta de meus sentimentos, por outro lado procuro equilibrar alguns fatores. Enumero-os:

  1. Jogador de futebol é uma figura pública, bem remunerada? Sim. Merece todas as cobranças do mundo? Perfeitamente. Mas é mais que óbvio que as cobranças devem ser feitas sob medida. Caro torcedor e torcedora, futebol não é teu emprego, não é o estado, não é tua vida. Ele é parte dela. Isso significa que o uso da violência, racional ou não, é um erro crasso. Um crime injustificável.
  2. Quando um pequeno grupo de torcedores, se sente no direito de usar da violência física ou psicológica para constranger um atleta, forma-se a mais perfeita convicção fascista da realidade. A de que eu posso usar da violência para impôr minha vontade.
  3. Se no caso em debate - o de Fred - poderíamos constatar uma vontade anterior do mesmo em deixar o clube, os sujeitos que o ameaçaram, na prática servem como idiotas úteis.
  4. A eterna perseguição a atletas, supostamente encontrados na noite, é de um moralismo imbecil, arcaico e conservador. Se um atleta perde rendimento por causa de sua vida extra-campo, que se cobre da diretoria, do patrocinador, seja lá quem for que mande nessa joça, uma medida cabível. Se a torcida é criativa para fazer mosaico, deveria ser criativa para organizar protestos pacíficos.
  5. Mas é claro, que aqueles que ameaçam jogadores não fazem parte desse lado da torcida, o criativo. Essas figuras preferem ter comportamentos que reforçam os preconceitos latentes contra o futebol.
Enfim, eu como "tricolor pé-rapado", no uso da expressão Rodrigueana, acredito que as mudanças que o capitalismo impos ao futebol refletem no comportamento de setores da torcida, que age com a lógica de  unidade mercadológica, valendo-se da mesma sujeira que algumas vezes atinge o mundo da bola.

"Ninguém mais é bobo no futebol", diria um gaiato. Isso tudo não me impede de ao mesmo tempo que me solidarizo com Fred, mantenho meio pé atrás, escondidinho, discreto. "Pessimismo de razão, otimismo de vontade" diria o velho Gramsci, o sardo nanico mais tricolor de toda Itália.

Fred é importante para o time, com três ou sessenta caipirinhas. Com prancha de surf ou sem prancha de surf. Aliás, muito mais importante do que certos jogadores que passaram pelas laranjeiras, não prestavam os serviços devidos e eram aliviados por certos torcedores do clube.

Irmão tricolor, irmã tricolor, não deixe que o moralismo otário tome conta de seu coração. Ídolo é ídolo e merece ser carregado nos braços da torcida enquanto prestar seus serviços, levantar o moral da massa.

Se o atleta que veste o manto verde, branco e grená, derrapar na pista, que seja vaiado. Mas não conte comigo. Eu só vaio jogador adversário. Os meus, eu poupo até na fase ruim.


Saudações tricolores!

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