sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Por que ativistas e intelectuais reagem tão mal quando são questionados em situações de machismo, homofobia ou racismo?

Ativistas e intelectuais “progressistas” tendem a entender que sua atuação lhes confere certo capital social e político que os protege de seus próprios erros...


A situação que envolveu o professor  Paulo Ghiraldelli Jr., que há quatro anos leciona na UFRRJ, ao longo dos últimos dias tem um caráter emblemático. Durante uma palestra na  I Semana Acadêmica de Filosofia da UFRRJ o professor sofreu um “escracho”. Trata-se de uma espécie de tática de manifestação em que jovens expõem alguém a uma situação intensa de protesto, decorrente de alguma posição política, geralmente ligada a intolerância, discriminação e violência. As razões do “escracho” ao filósofo se justificaram pelo suposto comportamento machista, homofóbico e até racista, que segundo alunos e alunas se materializava em piadas nas aulas e também em textos, como por exemplo, uma recente coluna intitulada “Diante da mulher nua, pergunto se é “friboi”?.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Democracia sem multidão?

Foto: Mídia NINJA
A grande novidade do processo que vivemos é a possibilidade da multidão nas ruas, dentro de um processo de interação crítica do “velho” com o “novo” construir uma experiência de poder constituinte.  Poder constituinte aqui tratado “como expansão revolucionária da capacidade humana de construir a história, como ato  de inovação e, portanto, como procedimento absoluto”(Negri).

O “velho” se traduz nas bandeiras transformadoras da modernidade, muitas ainda não concluídas. O “novo” se refere ao sentido e sentimento da multidão de combate ao biopoder e de resposta a crise de “anacronismo” de algumas instituições.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Transformar nossa carne em novas formas de vida" - notas sobre SP e o Brasil

Foto: Mídia NINJA

“Multidão é o conceito de uma potência. Somente analisando a cooperação podemos, com efeito, descobrir que o todo de singularidades produz além da medida. Esta potência não deseja apenas se expandir, mas, acima de tudo,quer se corporificar: a carne da multidão quer se consubstanciar no corpo do General Intellect. (...) Tal como a carne, a multidão é pura potência, ela é a força não formada da vida, um elemento do ser. Como a carne, a multidão também se orienta para a plenitude da vida. O monstro revolucionário chamado multidão que surge no final da modernidade busca continuamente transformar nossa carne em novas formas de vida” (Antonio Negri - Para uma definição ontológica da Multidão).

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Às vezes é preciso “desestatizar” o coração – mas sem perder a "razão"

“Quem ama é sempre muito escravo, mas não obedece nunca de verdade” (Guimarães Rosa – GS:V)


Foto: Mídia NINJA
Se um famoso filme difundiu a frase “todo coração é uma célula revolucionária”, sinto me a vontade para dizer que, obstante o lirismo da frase, creio que o coração muitas vezes é uma “célula de conforto”.  Em matéria de política, muitas vezes, intuitivamente tendemos a resistir quando o tema é uma reflexão mais abrangente. Mas isso está longe de ser “natural”, é histórico, claro.

O meu coração guarda grande apreço pela figura de Fernando Haddad. Foi um bom ministro da educação, fez uma bela campanha em busca da prefeitura de São Paulo, e já prefeito, nos primeiros meses se comportou de forma digna e coerente em muitos momentos.

Historicamente, meu coração guarda grande apreço pelos movimentos sociais e pelas lutas populares brasileiras. Elas são parte da minha vida e história.

O movimento que ecoa nas ruas de São Paulo tem gerado um debate acirrado e muitas vezes, a meu ver equivocado, entre  diversos corações de São Paulo e do Brasil.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Um domingo com Monarco e a renovação de votos do samba





"Pra ver, se não me falha a memória
No livro da nossa história tem conquistas a valer
Juro que não posso me lembrar
Se for falar da Portela, hoje não vou terminar(...)"


Enquanto eu tomava uma Brahma no Bar Rainha – no malabarismo de acompanhar duas partidas de futebol pela TV ao mesmo tempo – pensava no compromisso que eu teria em algumas horas. Domingo, dia 19 de maio de 2013, reservava a mim e a tantas outras pessoas um dia histórico no samba de Juiz de Fora e por que não do Brasil. Mas eu bebia minhas Brahmas sem nem imaginar que a experiência para o qual já estava ansioso seria ainda mais brilhante.

sábado, 18 de maio de 2013

Por uma agenda Política para o governo Dilma


Se o governo Lula se destacou pela capacidade de reduzir a pobreza e desigualdade no Brasil através de políticas sociais e de uma política econômica que redimensiona o papel do estado brasileiro, o governo Dilma, dando continuidade a muitas de suas medidas e iniciativas, consolidou no plano econômico uma espécie de “neo-desenvolvimentismo” .  Ainda que vejamos elementos de continuidade virtuosa nesse processo, há que se compreender que certos “gargalos” políticos seguem relevantes, como por exemplo, a ausência de uma reforma política que tem como conseqüência a extrema dificuldade do PT, que encabeça o governo de coalizão,  em se livrar, ou mesmo ganhar mais autonomia em relação ao tradicional jogo político das alianças que em muitos momentos limitam as possibilidades de avançar em mudanças e reformas mais amplas, que vão além da esfera econômica da sociedade.